sábado, 10 de agosto de 2013

GRANDE REPORTAGEM

O Passado Escondido de Sandra Viegas

Reportagem: Rita Skeeter
Edição: Rita Skeeter
Fotografias: Arquivo



Sandra Viegas é muitas coisas numa só pessoa: amiga, esposa, amante, nora, cunhada, tia e, mais recentemente, prepara-se para ser mãe. Actualmente directora do Educandário Pequeno Príncipe, Sandra é alguém que raramente a vemos nas bocas do mundo a não ser quando se trata da história mal resolvida entre o seu marido, Max Gilbert, e Julia Leferee. É calma, querida por todos os Lagunianos, pelo menos os que a conhecem, e tida como um exemplo de namorada, e agora esposa.

"No início não gostava muito da Sandra por causa das coisas que aconteceram [Sandra começou a namorar com Ruy Leand quando Ashley ainda gostava dele] mas agora gosto muito e estou feliz por ela e pelo Max", contou Ashley Gilbert ao nosso jornal. O seu irmão, Max Gilbert, também não se privou de dizer que "é das pessoas mais importantes da minha vida, é o meu amor, ela sabe o que significa para mim", enquanto Afonso, o pai de Max e sogro de Sandra se refere a ela como "uma filha para mim. Gosto muito dela e gosto que faça feliz o meu filho, e ele a ela".

Mas não é só a família que tem tão boa opinião da jovem. "Acho a Sandra uma rapariga excepcional", conta Ruy Leand, ex-namorado de Sandra e melhor amigo de Max. Dean Bisbal, presente no momento, ainda acrescenta: "É uma amiga que tenho em grande estima. É sempre prestável e uma miúda às direitas. Gosto muito dela". Já Francisca Hale diz que "é a minha melhor amiga, sei que posso contar com ela para tudo e adoro-a!".


Apesar de ter uma boa aparência e de ser bonita - sendo frequentemente nomeada para disputas de beleza organizadas pela imprensa, como por exemplo os concursos da Revista Flor - a verdade é que Sandra nunca fez grande alarido disso nem usou os seus pontos fortes a nível físico para conseguir fosse o que fosse, nem mesmo chamar a atenção. Sempre foi bastante discreta, aparentando ser uma menina às direitas na qual era possível confiar sem problema.

Pois é, mas já dizia o velho ditado que as santas são sempre as piores e a verdade é que a menina estudiosa que tanto se esforçava para completar o curso de Enfermagem na UVL não é assim tão casta quanto aparenta. Após um desfecho menos feliz nos seus constantes problemas familiares que lhe valeram deixar de falar com os pais, a jovem viu-se a ter que arcar sozinha com as despesas da faculdade, por isso teve que começar a trabalhar para pagá-las. No entanto, Max Gilbert parece não saber disso. "Que me lembre quando ela andava na faculdade não trabalhava". Quando questionado sobre como julga que as propinas eram pagas, Max responde um pouco baralhado que nunca pensou muito nisso. "Calculo que ela tivesse algum dinheiro guardado para a faculdade", acrescentando que esse assunto nunca veio à baila.

Acontece que o Diário Laguna efectuou uma grande investigação que durou algum tempo para que pudéssemos ter acesso às fontes e pessoas certas. Foi no passado mês de Junho que encontrámos Manuel Gonçalves, proprietário do Strip Club Rua 38. Homem de meia idade, claramente endinheirado mas sem ostentar muito na sua forma de vestir. Recebeu-nos no seu estabelecimento para que pudéssemos conversar com ele acerca do que nos podia dizer sobre Sandra Viegas. Ou melhor, Xaninha.

"A Xaninha chegou aqui um bocado perturbada. Era só uma miúda, tinha para aí 18 ou 19 anos. Pouco importava, desde que fosse maior de idade. Eu não recebo aqui ninguém que não seja", esclarece Manuel. "Lembro-me de a achar gira, mas não me parecia ter muito perfil para bailarina. Era muito tímida, mal falava. Só me contou que precisava de dinheiro. Perguntei-lhe se não ia ter problemas no bar com os pais dela se eles a soubessem ali, mas ela disse-me que não tinha família e que estava por conta própria".



Foi assim que Sandra teve o seu primeiro contacto com a noite do Rua 38. Sem eira nem beira, deixada à deriva pela família e com despesas por pagar, a jovem não quis deixar de seguir o seu sonho de concluir o curso de Enfermagem e estava disposta ao que tivesse que ser para isso.

"A miúda era magrinha, não tinha grande peito, mas o rabo era jeitoso. Aqui temos clientes que gostam de tudo, às vezes até de tábuas rasas. As raparigas vêm aqui, apresentam o que sabem e se eu gostar delas deixo-as ficar. Dependendo da popularidade delas é que decido o salário", continuou Manuel. Mas se Sandra não tinha jeito para bailarina, como foi ela tornar-se stripper? Sim, caros leitores. É esse o motivo da nossa reportagem. "Como a vi tão empenhada e como também sou um homem que se mete no lugar dos outros, disse-lhe que podia dançar para eu ver se servia para dançarina exótica. Ela estava meio tímida mas via-se que queria mesmo aquilo, e deu um grande espectáculo. Deixei-a começar logo nessa noite. Como era novita, há muitos homens mais velhos que gostam e vêm ver as garotas. Foi uma mais-valia para a minha casa".

Mas será que Sandra só se despia? A resposta é negativa. E quem o garante é uma ex-colega de trabalho de Xaninha, cujo nome verdadeiro não foi revelado mas que se intitula no mundo da noite por Mila.

"Lembro-me da Xaninha, ela era muito amorosa com todas nós. Às vezes chorava antes de ir dançar, mas é normal, todas passamos por essa fase. O começo é difícil, mas depois as recompensas valem todo o esforço. E a Xaninha precisava", conta-nos Mila. "Vem muita gente cá para nos ver, até mesmo mulheres e casais. Nas primeiras semanas a Xanita só se despia, mas depois começa a haver muita gente a vir de propósito por ela...muita gente com papel para oferecer, percebe? O Manel perguntou-lhe logo se ela queria fazer mais dinheiro ou não, mas a bem dizer não havia muita escolha que ela tivesse, é lucro para ela e para a casa".


Foi deste modo que Sandra começou a fazer os chamados "Privados". Trata-se de um espectáculo numa sala à parte apenas para o(s) cliente(s) que pagarem um preço extra. Pode ser apenas uma lap dance, como pode ir a casos mais extremos.

"Ela tinha muitos homens. Nós não somos prostitutas, somos strippers, mas se nos pagarem bem e se nós mesmas quisermos, podemos ter sexo com os clientes. O Manel não nos obriga a isso, o Privado é destinado a lap dances, nada mais. Mas dá-nos opção de escolha. Um cliente não pode chegar e pagar X para ter sexo com uma das raparigas, mas a rapariga pode optar por dar-lhe esse extra se assim quiser".

Então e Sandra?

"Eu sei que ela fez sexo algumas vezes com alguns clientes. Não foi só com homens, mas essencialmente eram eles. Não era uma coisa recorrente e ela também não ia com qualquer um, mas eles dão boas gorjetas quando lhes damos um final feliz".

Voltando à conversa com Manuel Gonçalves, perguntámos-lhe como foi que Sandra saiu do Rua 38. "Ela ficou cá talvez um ano e pouco. Não chegou a dois. Entretanto amealhou o suficiente para se orientar lá com os estudos dela e optou por ser barmaid no estabelecimento de um conhecido meu. Mas aí era só servir ao balcão, mesmo. Julgo que com o que ganhou aqui isso já lhe bastava para fazer a vida dela."

Assim terminamos a nossa reportagem. Sem adiantamentos, sem conclusões, porque a própria investigação fica em aberto. Deixamos o resto à responsabilidade da própria Sandra e de quem com ela convive. Não é que o marido pareça saber da história, mas daí tiramos o nosso dedo. O nosso trabalho já está feito: informar o público.